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Ticiano Diógenes

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Quarta-feira, 22 de janeiro de 2014.

 

Limi 13 da Lua Ressonante do Macaco, Anel da Semente Galáctica Amarela;

kin 84, Semente Rítmica Amarela

(“Semeando sem tensões, o egoísmo que me desequilibra desaparecerá”).

 

O que aconteceu para que eu estivesse junto ao grupo foi muito misterioso. Desde agosto do ano anterior eu pesquisava a condição indígena no Brasil, a fim de escrever um espetáculo que desse conta da iminente barbárie e massacre final dos povos brasileiros originais que se apresenta claramente como política do nosso país. Pesquisar sobre isso me levou inevitavelmente à uma espécie de movimento arqueológico, em direção ao que possivelmente teria acontecido nestas terras antes da chegada dos colonizadores. E ir em direção a uma história pré-colombiana era o mesmo que esbarrar num sem número de mitos e possibilidades culturais destes povos. Sumé, Paêbirú, a pedra do Ingá, El Dorado, a cultura marajoara, pirâmides na Amazônia, sambaquis, os tapuias, colonização fenícia, tudo isso se apresentava mais como fantástico do que histórico. E dentro deste almanaque de mitos fundadores, encontra-se o mais intrigante e próximo do lugar onde eu nasci: São Sebastião do Rio de Janeiro, e sua metaracanga, a “cabeça enfeitada”, a qual nós, cariocas conhecemos como Pedra da Gávea.

Durante os anos 50 meu avô fez parte da Sociedade Teosófica Brasileira, e foi viver como tributário da Eubiose, na cidade de São Lourenço (MG). Desta época sei pouco, ele morreu quando eu tinha menos de três anos. Apesar disso – conspiração astral ou não, pelo fato de sermos do mesmo signo – ganhei uma boa parte da biblioteca dele, que incluem periódicos da época, e que contam em parte os mistérios que envolvem a Pedra da Gávea. Segundo a literatura eubiótica, ela seria uma esfinge tumular, dedicada ao rei fenício Badezir e sua corte, e datariam aproximadamente do século VI a. C.; e que a cidade do Rio viveria sob a dívida kármica adquirida pelos tapuias, por terem colaborado com magos negros no afogamento dos gêmeos andróginos que fariam, no balneário carioca, a sede do reino espiritual desta costa continental. A meu ver, apenas essa ideia de “dívida kármica” era o que poderia explicar minimamente o que estava se passando (de novo!) no Rio no cenário político e social.

Justamente esse massacre político, que teve seu auge em 2013, me tirou completamente o gosto de viver na cidade onde eu nasci. Artista, sonhador e independente, tentando achar um lugar nisso tudo, e alguma mínima razão de ser tudo isso, resolvi que deveria migrar, e morar em alguma área rural onde pudesse desenvolver meus trabalhos de arte – inclusive o espetáculo sobre a questão inicial desta carta. Concluí que a zona rural de Nova Friburgo seria uma boa opção, então passei o mês de janeiro todo em Lumiar e São Pedro da Serra, fazendo contatos, descansando os elétrons do coração, e... lendo sobre os mistérios da Pedra da Gávea! Mas tinha uma sensação estranha de que nada daquilo que eu lia tinha consistência. Eram pesquisas e teorias muito famosas, mas que não tinham a consistência que me satisfizesse. No dia anterior a minha ida para a serra, li um artigo incrível sobre os dragões na cultura tibetana. Lá fui agraciado com outros estudos diversos, como calendário maia, bioenergética... Todas essas informações apareciam e eram fortes o suficientes para não serem descartadas, mas ainda não faziam sentido juntas, não combinavam diretamente, era preciso constelá-las para ver que desenho elas fariam juntas. E esse desenho se fez assim que eu voltei para o Rio, já em fevereiro. Na hora em que eu ia deslogar do Facebook, minha linha do tempo me atualizou com uma postagem do Prema – companheiro de aventuras diversas – fazendo um chamado para a Ativação das Montanhas Sagradas do Rio de Janeiro. A reunião seria em duas horas à algumas ruas da minha casa, naquele mesmo dia. Claro, ainda meio impressionado com aquele sinal tão evidente, chamei o Pedro Poema para me acompanhar, e fui sem avisar, em direção à atividade que me modificaria de modo fundamental, no auge dos meus 29 anos.

Na reunião conheci algumas peças-chave do movimento naquele momento– Nanda, Luquinhas, Alexandrëa, Zulka, e a companhia diamantina do Prema. Ali, quando respondi à pergunta sobre o por quê de ter respondido ao chamado, elaborei e fiz sentido com todas aquelas peças dispersas que pairavam sobre a minha cabeça, e que eu só conseguia justificar com a motivação artística, ética-estética-política. Eu sabia que havia algo mais, algo de imanente e transcendente nesse enredo todo, mas ainda não fazia sentido. Ainda não, agora já fazia. Para mim bastaram as palavras em volta da fogueira daquele dia de verão, quando falamos sobre como reintegrar as energias mal qualificadas que estão em nós e à nossa volta, e que essa era a premissa do trabalho das ativações. Despertar da inconsciência o nosso ser, era despertar também a cidade inconsciente dentro de nós. O que eu ainda não fazia mesmo ideia era de que isso era apenas a ponta do iceberg, a casca do ovo, uma pequena parte dentro de uma aventura multidimensional que se desdobra em tudo, história familiar, criação artística, amores e amantes, vocação espiritual. E o sentido se faz, se refaz, e continua se refazendo a cada trilha, cada passo, cada meditação, cada celebração. Vamos comer um bom pote de batata doce com melado de cana, que eu conto com mais detalhes sobre tudo. Somos um círculo dentro de um círculo sem início e sem fim.

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